Jovens que estão na unidade de Araraquara (SP) querem voltar para escola.
Para coordenadora pedagógica, prova mostra que adolescentes são capazes.
Stefhanie Piovezan – Do G1 São Carlos e Araraquara

Professor Hugo Tortorelli dá aula para finalistas da Obmep na Fundação Casa (Foto: Marlon Tavoni/EPTV)
Nesta quarta-feira (16), quando ligarem para casa, Lucas*, de 13 anos, e Ricardo, de 17, vão ter boas notícias para contar. Os dois pretendem usar a ligação à qual têm direito na Fundação Casa de Araraquara (SP) para avisar mães e namorada que foram aprovados para a segunda fase da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep) após realizarem a prova no último sábado (12).
Como eles, Maurício, de 16 anos, também não contou a novidade à família. Vai avisar a mãe na visita de domingo (20) e sabe que ela ficará feliz. “Quero continuar estudando para ser alguém na vida, senhora”, afirmou o rapaz, que está na instituição pela terceira vez, todas por tráfico de drogas.
O trio integra o grupo de nove internos da unidade aprovados para a segunda fase da prova. Seis já deixaram o local e os três que permanecem, com saída prevista para os próximos dias, querem levar para fora o que aprenderam. “Vou voltar para a escola”, disse Lucas, que traficava desde os 11 anos e está no local pela primeira vez.
Cursar direito
“Quero realizar meu sonho”, contou Ricardo, na fundação pela terceira vez, a primeira por lesão corporal e as outras duas por tráfico. Ele afirmou que, como os irmãos, quer fazer faculdade e pretende cursar direito. “Se os outros conseguem, por que a gente não?”, questionou. “Eu consigo ir além”.