Elidiane Barbosa acredita que os livros podem trazer a liberdade para dentro na Penitenciária Feminina.
Leitura: ação que conduz à liberdade infinita e à fuga da realidade. Presídio: lugar de sonhos interrompidos. Esta foi a contradição revelada em uma conversa que teve início dentro do simples auditório da Penitenciária Feminina de Teresina. Naquele momento, o local estava sem energia elétrica, mas era possível perceber facilmente a voz emocionada e ao mesmo tempo empolgada de Elidiane Barbosa, 38 anos.

Elidiane Barbosa, professora de Literatura, que tem um projeto de leitura voltado a detentas da Penitenciária Feminina (Foto: Assis Fernandes/ODIA)
A professora é acusada de ter matado o ex-marido em 2003. Condenada a 16 anos de cadeia, ela foi presa em Fortaleza, no início deste ano, e transferida para Teresina em fevereiro, onde divide uma cela com outras seis mulheres. Ela teve que se separar de suas duas filhas, do atual marido e da mãe. A falta momentânea de energia elétrica, que contribuía para o aumento do calor no ambiente, não calou o coração inquieto de uma mulher que tinha muito a dizer.
Antes de vir para o Piauí, Elidiane passou por uma experiência dentro da penitenciária de Fortaleza que foi essencial para não perder as esperança. O local tinha uma estrutura de biblioteca através da qual a professora poderia manter contato com o que sempre foi o seu mundo: as palavras. “Em Fortaleza, eu percebi que as pessoas que estão lá, têm um coração maior do que aparentam. Eu conheci meninas que eram traficantes perigosas, mas que se preocupavam comigo, chegando a oferecer a própria comida para eu não passar fome. E assim eu fui entrando no mundo delas e acabei conhecendo pessoas maravilhosas”, explica.