Por: Bruno Gonçalves (Vice Coordenador da Pastoral Carcerária Regional Centro Oeste)
Quando analisamos os conceitos de educação e prisão, nos deparamos com definições antagônicas, díspares. Enquanto a educação objetiva ampliar os horizontes em todos os sentidos e contribuir para o pleno desenvolvimento e a libertação do ser humano, a prisão tem cunho opressor e limitador intelectual. Conforme ensina Sader (2007, p. 80), educar é um ato de formação da consciência – com conhecimentos, com valores, com capacidade de compreensão. […] Educar é assumir a compreensão do mundo, de si mesmo, da inter-relação entre os dois.
Quando se priva uma pessoa da sua liberdade, objetiva-se retirá-la da convivência social normal, colocando-a em uma unidade prisional criada exclusivamente para mantê-la afastada do seio social. Uma pessoa ao ter sua liberdade cerceada, passa por um processo de compreensão do mundo, de si mesmo, da inter-relação entre os dois e se torna mais problemático entendê-los. O mundo do cárcere é uma sociedade paralela, com regramentos formais, ditados pela Lei de Execução Penal e regras do sistema e ainda por regras informais criadas pelos internos. Essa complexidade de normais tem como resultado uma fragmentação entre o mundo externo e o mundo interno das prisões.