Autor: José Antonio Gonçalves Leme
Resumo: O objetivo deste trabalho é investigar os significados atribuídos à educação escolar pelos prisioneiros. Estes são homens anônimos, condenados ao isolamento e à solidão. Aquela é uma educação específica, pois acontece em um mundo particular. Para tal propósito, escolhemos a “cela de aula” e seus atores, os alunos, como nossos principais interlocutores. Estando a “cela de aula” inserida no interior da prisão, consideramos importante compreender este outro mundo. Posto isto, procuramos investigar sua gênese e sua afirmação ao longo da história. Julgamos também necessário entender a influência exercida pela prisão sobre os prisioneiros, compreendendo, assim, as suas dificuldades enfrentadas e as formas de resistência. Dessa maneira, conhecendo a prisão e seus métodos de dominação e controle da massa encarcerada, poderíamos analisar a educação “escolar”, ali presente com um outro olhar. Analisar os sentidos conferidos a essa educação que, não só não é neutra, como é parte integrante do confronto entre a subjugação e a resistência dos prisioneiros. Um olhar de quem resiste às privações e se adapta a uma nova forma de convívio. Um olhar que tem a sua individualidade tolhida, obrigado a dividir cada milímetro de chão e cada segundo de vida com a massa carcerária. Um olhar, privado do infinito, que espera a liberdade e que precisará se readaptar a um outro mundo, mundo de sua origem, ofuscado temporariamente pelas muralhas. Dessa forma, estabelecendo um diálogo com os prisioneiros, pudemos não só aprender outros significados, muitas vezes desconhecidos, como também confirmar idéias e concepções já estabelecidas em relação à educação no interior das prisões
Orientador: Ana Maria Saul
Área de concentração: Educação: Currículo
Instituição: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo /Ano: 2002
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