Autor: Maria Luzineide Ribeiro
O presente relato tem como objetivo apresentar os desdobramentos de oficinas literárias e rodas de leituras realizadas em unidades prisionais do Distrito Federal durante o período de mestrado da autora no curso de Literatura da Universidade de Brasília, com a autorização da Vara de Execução Penal e da Subsecretaria do Sistema Penitenciário do DF. As oficinas foram realizadas nos anos de 2011 e 2012, com aproximadamente, 120 internos e 30 internas, com o objetivo de investigar a formação deste leitor e as potencialidades transformadoras da leitura, como manifestação artística, num espaço de violência e privação de liberdade.
O projeto Sob a custódia do tempo: a literatura no cárcere surgiu com o propósito de promover um espaço de produção de subjetividade deste sujeito, quando em contato com a literatura e suas interfaces – HQs, cordel, poesia, prosa e cinema. A partir do encontro com os mediadores das oficinas – estudantes de pós-graduação em literatura – os presos tiveram contato com grandes escritores da literatura brasileira como Machado de Assis, Carlos Drummond de Andrade, Ariano Suassuna e tantos outros poetas relevantes ao cenário literário, além de conhecerem a contemporaneidade das HQs.
Os resultados desta experiência marcante foram descritos na dissertação de mestrado: O mundo como prisão e a prisão no mundo: Graciliano Ramos e a formação do leitor em penitenciárias do Distrito Federal. Será apresentado, neste momento, o recorte deste mundo invisível – um autorretrato – numa possível inscrição dessas vozes silenciadas no discurso social. Apresentamos, portanto, mais uma comunidade leitora e sua relação particular com o livro.
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